segunda-feira, 14 de novembro de 2011

VELHOS ESTANDARTES VII

ESTANDARTE REAL
 DE
 D. JOÃO II
Colecção particular

No reinado de D. João II (1481 a 1495) as armas do Estandarte Real foram corrigidas, passando os escudetes laterais à sua posição vertical, os escudetes passaram a ser designados por quinas e os besantes foram definitivamente reduzidos a cinco postos em aspa; o número dos castelos foram fixados em sete e o escudo encimado por uma coroa real.

Os cinco escudos representam as cinco chagas e contados estes com os vinte e cinco besantes, perfazem os trinta dinheiros pelos quais Judas entregou Cristo.
 

D. João II
Gravura do século XVII - Colecção particular
Sabe-se ainda que foram severas as criticas de D. João II à existência da Cruz de Avis nas Armas do Reino, e por isso a mandou suprimir com o fundamento de que ela era própria dos Mestres  e Comendadores da Ordem.

É fora de dúvida que foi neste reinado que se apagou o último vestígio heráldico da primitiva cruz de D. Afonso Henriques. Estabeleceu-se assim a partir dessa época a constituição das Armas Nacionais, que hoje figuram na Bandeira de Portugal.


 
PEQUENO APONTAMENTO HISTÓRICO:

D. JOÃO II
1486 - 1495

                                            60
Porém, despois que a escura noite eterna
Afonso apousentou no Céu sereno,
O príncipe que o Reino então governa
Foi Joane segundo e rei trezeno.
Este, por haver fama sempiterna,
Mais do que tentar pode homem terreno
Tentou, que foi buscar da roxa Aurora
Os términos que eu vou buscando agora.


Besteiro
Colecção particular
                                                                   
                                                                          61
                                            Manda seus mensageiros, que passaram
                                             Espanha, França, Itália celebrada,
                                             E lá no ilustre porto se embarcaram
                                            Onde já foi Parténope enterrada;
                                            Nápoles, onde os fados se mostraram,
                                            Fazendo-a a várias gentes subjugada,
                                            Pola ilustrar no fim de tantos anos
                                           Co senhorio de ínclitos Hispanos.



Espingardeiro
Colecção particular

                              64
Entraram no Estreito Pérsico, onde dura
Da confusa Babel inda a memória;
Ali com Tigre e Eufrates se mistura,
Que as fontes onde nascem têm por glória.
Dali vão em damandada da água pura
(Que causa inda será de larga história)
Do Indo, pelas ondas do Oceano,
Onde não se atreveu passar Trajano.

                                                                   Lusíadas, Canto IV, Est. 60, 61 e 64


ALGUNS ACONTECIMENTOS
IMPORTANTES DESTE PERÍODO

Peão com arma de haste
Colecção particular


Submissão da cidade de Azamor (1486)
Travessia do Cabo da Boa Esperança 1487
O arquipélago de Cabo Verde é definitivamente integrado nos bens da coroa (1495)

Texto e ilustrações: marr

terça-feira, 8 de novembro de 2011

VELHOS ESTANDARTES VI

O GUIÃO DO RODÍZIO
 DE
 D. AFONSO V
D. Afonso V
Gravura do século XVII - Colecção particular

A divisa particular deste monarca constava de um estandarte com um rodízio de moinho "com gotas de água derredor espargidas". Já Damião de Góis na sua crónica sobre a tomada de Arzila indica-nos que: "levava o seu guiam com a sua divisa que era o número sette, e dum rodízio de moinho com gotas dagua, e huma lettra que dizia JÁ MAIS".

Colecção particular

Colecção particular


Tratava-se de um guião vermelho com um rodízio de moinho com gotas de água espargidas, segundo alguns autores modernos o rodízio e as gotas de água era em ouro.

Os cronistas Rui de Pina e Damião de Góis, são omissos no que diz respeito às cores do guião, mas se tivermos em conta as tapeçarias de Pastrana, contemporâneas dos acontecimentos, verifica-se que o rodízio era cor de ouro e as gotas de prata, o que efectivamente tem toda a lógica ser a água representada por esta última cor.





Tapeçarias de Pastrana
Pormenor da chegada da frota portuguesa a Arzila
No que diz respeito ao rodízio, existe uma corrente de opinião extremamente curiosa e interessante, que afirma que aquele objecto era um "mecanismo de anticítera" (a)


Tapeçarias de Pastrana
Guião do Rodízio, pormenor do assalto a Arzila



PEQUENO APONTAMENTO HISTÓRICO:

D. AFONSO V
1438 a 1481

                              54
Mas Afonso, do reino único herdeiro,
(Nome em armas ditoso, em nossa Hespéria)
Que a soberba do bárbaro fronteiro
Tornou em baxa e humílima miséria,
Fora por certo invicto cavaleiro,
Se não quisera ir ver a terra Ibéria;
Mas África dirá ser impossíbil
Poder ninguém vencer o rei terríbil!

                                                                          55
                                              Este pôde colher as maçãs de ouro,
                                              Que sómente o Teríntio colher pôde;
                                              Do jugo que lhe pôs, o bravo Mouro
                                             A cerviz inda agora não sacode.
                                             Na fronte a palma leva e o verde louro
                                             Das vitórias do bárbaro, que acode
                                             A defender Alcácer, forte vila,
                                            Tângere populoso e a dura Arzila.

(Lusíadas, Canto IV, Est. 54 e 55)


ALGUNS ACONTECIMENTOS
IMPORTANTES DESTE PERÍODO


Entrada vitoriosa em Alcácer Ceguer (1485)

Conquista de Arzila (1471)

Tapeçarias de Pastrana
Pormenor do assalto a Arzila.



















Batalha de Toro (1476)


Batalha de Toro (b)
Tapeçarias de Portalegre (?)





















Viagem de D. Afonso V a França (1471)

(a)  Para quem tiver curiosidade sobre este interessante tema deverá consultar o seguinte blog:

(b) Assunto a tratar oportunamente

 
Texto e ilustrações: marr